9.6.08

Blog é doce

Não sei direito o porquê, mas ao longo dos últimos anos manter um blog se tornou um ofício cada vez mais árduo pra mim. Acho que aquela euforia dos 15 anos em explicitar um monte de coisa se transformou num traumático receio de exposição. Além do mais, sempre gostei mais dos gerenciadores arcaicos que trabalhavam com tags baseadas em HTML, algo que foi sumindo com o tempo, com o CD e com a Rua do Bom Jesus.

Ainda me lembro de quando utilizava o Weblogger, lá pelos idos de 2002, 2003. Definitivamente, era bem mais divertido ter um blog. A simplicidade do HTML é inigualável e o sistema era tão versátil que meus templates eram verdadeiramente autorais. Passava horas brincando com imagem - e tentando superar as ferramentas primárias de qualquer versão rudimentar de Photoshop. Em algum momento, criar meus blogs foi, de fato, bem mais empolgante que alimentá-los. Aliás, eu normalmente tinha a impressão de que ninguém lia o que eu escrevia. Ao mesmo tempo, ficava assustado com a hipótese de que alguém lesse. Às vezes me pego tentando entender por que preferi Jornalismo a Design.

Era sempre essa a ambigüidade que me fazia mudar de domínio em meses, quando muito em pouco mais de um ano. Acho que posso contabilizar uns oito ou nove blogs num período de cinco anos, todos fadados às moscas da Internet obsoleta. Criei e abandonei mais blogs por ano que Woody Allen lançou filmes. Talvez hoje eles dividam algum espaço virtual com as páginas feitas no Geocities em 1997.

Seguindo a tendência do tempo, evidentemente eu passei por gerenciadores como Blogger Brasil e blogspot - antes da reforma, claro. Agora tudo é Wordpress. Ótimo. Widgets, feeds, php. Fico de cara com dezenas de recursos que tenho preguiça de aprender a utilizar. E o weblogger sempre foi imbatível. Meus webloggers eram imbatíveis. Tinha poesia barata, mal do século no século errado e outros recursos textuais da adolescência, mas eram maravilhosos. Eram preguiçosos, às vezes, mas sempre ambiciosos. E as mudanças vinham porque eu nunca me reconhecia no passado, ainda que próximo. As mudanças de domínio eram, no fundo, transformações bem maiores. Me deixavam adotar e cansar de MSN, conhecer, não gostar mas aprender a conviver com a existência de Boa Viagem, detestar I'm a Slave 4 U e depois passar a dançar sem sentimento de culpa, treinar pro escritor que nunca fui e poder descartar as experiências anteriores, brincar de junkie, de cult, de cinéfilo e de colunista.

Evidentemente, não vou mentir, criar esse blog é inevitavelmente cair no risco de seguir os mesmos passos. Portanto, se falo a alguém, falo por mim: preparem-se para a evasão e o abandono, qualquer hora é hora. Talvez até dure algum tempo, talvez até seja um bom exercício. Mas, como Ruffles de Queijo Parmesão, noites de sábado no Cohibar, meu apartamento na Rua do Futuro ou a reputação de Britney, os bons tempos de HTML nunca voltarão.

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