30.1.07

Neon Bible



Legenda: The Arcade Fire SECRET SHOW in Montreal, January 20, 2007 at the Polish Catholic Church at St. Urbain and St. Viateur.

Ah, a música é Black Mirror.

Tchan de Jesus



"Sempre convido uma atração gospel para abrir meu show, com canções alegres de louvor a Jesus. Nada melhor do que iniciar um trabalho agradecendo a Deus, né? É só benção", disse Carla.

A melhor declaração dos últimos dias. Em breve, o mercado de música gospel do Brasil vai ser constituído essencialmente por celebridades decadentes. A gente ainda tá na fase anos 90, mas fico esperando ansiosamente pela vez de Sandy. Vai, daqui a uns 30 anos acontece.

Mais detalhes, ver notícia bizarra da Folha Online.

29.1.07

Semiótica

Na banca...



...e aí eu penso: "Mas, caralho, já tem revista até sobre penitenciárias!"

Onde o jornalismo poderia chegar, hein.

28.1.07

Conversa de posto de gasolina

- Ontem, na festa, vi a coisa mais bizarra.
- O quê?
- Nessa onda das camisas cheias de nomes e números desconexos, um cara tava vestindo um troço absurdo.
- Hum.
- Uma camisa, não lembro bem a cor, com 1964 escrito em lantejoulas prateadas.

!!!

- Tipo. Só o ano, sem mais nada escrito?!
- Sim. Só o ano. MIL NOVECENTOS E SESSENTA E QUATRO, em lantejoulas prateadas.
- Caralho.
- Alguém, pra vestir uma camisa dessas, tem que ser tão vazio quanto a própria.

26.1.07

Diva, parte 2



Já que ela tem umas coisas mei bregas (principalmente quando entram os saxofones) mas tem umas coisas divertidíssimas também. E bonitas. Principalmente (já que uma euforia na mão vale mais que mil racionalizações voando) neste disco de 1988, que tô redescobrindo.

Recomendo Ná Ozzetti em Ah! e Cardápio Barra Pesada (com participação de Itamar Assumpção, inclusive), pelo divertido e, bem. Diva, da letra ali embaixo, pelo bonito.

Queria um podcast.

Diva

Cada palavra que eu não digo
Digo
Digo-lhe tudo pra se parecer comigo
Cada palavra que eu não deva
Digo
Devo-lhe tudo pra me parecer contigo

(Dante Ozzetti)

24.1.07

Lead

O curso de Jornalismo enfim surtiu um efeito. Deixei de usar conjunções concessivas.

Quando se percebe que algo na sua vida de fato mudou

- Então, você viu que estreou o filme de O Perfume?
- Vi. Lembrei de você.
- O diretor é legal, mas não vi o filme ainda.
- Não li nada sobre, mas o elenco é fudendo. Leu o livro, pelo menos?
- Claro. Naquela época.
- Parece que falas dos dinossauros.
- É. Verdade.

E, pensando e repensando quantas vezes forem, não é que é mesmo? Aí você tem vontade de virar e apertar mãos assim, distante, como se fosse o primeiro cumprimento da sua vida e no fundo no fundo não existisse aquela cumplicidade irremediável com o que um dia foi íntimo.
Não cheguei a entender por que ninguém veio se sentar ao meu lado. O ônibus deu a seiscentésima octogésima quinta partida do dia, o céu um tanto crepuscular e os MP3 players forjando os sons do mundo nos ouvidos de dezenas de universitários. Cada mulher daquelas de mamilos enormes que acomodavam-se excitadas sob o voluptuoso fim do dia ou os homens de pau duro segurando os manuais de física e me incitando a estruturar mentalmente a anatomia fisiológica dos seus mapas internos, o itinerário dos transportes interurbanos entre nossos organismos diversificados. Não. Não havia qualquer fórmula que me imprimisse matematicamente a certeza das suas sexualidades ou sexismos. Era tudo eterno fruto do meu imaginário pagão. Desejava a companhia de quaisquer, proporcionalmente ao tom veloz em que o ônibus lotava de passageiros todos os seus assentos. Aguardava calado em minha introspecção meio vazia, o olhar incômodo flechado a cada um e a cada uma que invadia o corredor metálico. Por que ela não se sentou aqui, essa de verde musgo e olhar quase firme? Me achou feio ou desinteressante? Foi esta minha camisa um tanto suada e descosturada em todos os meus sovacos, eu sei. Ou não. Ela crê que não gosto de meninas. Ou talvez ela não goste de meninos. Meninos como eu. Vazios e incomodados. Não, não. Ele, aquele de bermudas, cara alegre e cruel, também nem percebi diferenças ou interesses, e hei de crer que são os rasgões desconcertantes nas bocas da minha calça jeans verde. Não musgo. Piscina, floresta, limão, doença, esperança, réptil, uma caixinha de remédios estranhos ou uma embalagem de Nestea. Quero um Nestea. Dividir com meus amigos de sonho e de vazio um chá cheio de conservantes e ils e ilas e anfetaminas, cocaínas e esse sabor ácido de tudo. Um ácido. Um cigarro. Neste ônibus cheio de assentos cheios, onde só minha companhia se resguardou e não veio, faltou, sem presença neste internato efêmero de universitários que compartilham os tesões na minha ausência de sobriedade sem vírgulas. Um cigarro. Quero um cigarro para a minha descompanhia.

13.1.07

Top 5 mulheres em cenas de filmes

Quanto mais imposta, disposta e forte, melhor. Tem que ter charme e há de ser superior. Ainda que destruída pelas circunstâncias, deve inclusive ser a fonte da perturbação. Sempre aquelas que marcam. Sempre aquelas que possuam o punctum de Barthes.

1. Nicole Kidman como Grace, na já vazia Dogville, recomposta e unânime, aponta a arma para Thom e diz: "Goodbye, Thom", encerrando o que ainda houver de inacabado.
2. Em Lucia e o Sexo, Paz Vega como Lucia, nas cenas de sexo, transforma-o em crua poesia sem anular sua crueza.
3. A Julie de Juliette Binoche afoga as mágoas na piscina de A Liberdade é Azul. As lágrimas são a piscina é o azul é a liberdade é a inteireza.
4. Naomi Watts e Laura Elena Harring, apaixonadas, no Club Silencio. O playback melodramático deixa Betty e Rita em prantos. Aniquila-se o sonho.
5. Fernanda Torres em Eu Sei que Vou te Amar descobre-se, levanta-se, coloca um chapéu, passeia pelo cômodo enorme. Discursa e discute com o personagem de Thales Pan Chacon. "O que vai ser de mim?"

7.1.07

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Olhando assim, desta janela enorme, somos dois pontinhos tracejados, um após o outro, de acordo com a avenida horizontal. Você, tão maior e também tão menor, de um lado duvidando da giganteza do meu pôr-do-sol, do outro improvisando um raio qualquer que incida da nossa pequenez enorme. No background, a música matinal soando de uma esquina desses bares eternos. É a official soundtrack do sol precoce dando o tom de catarse do climático screenplay, que ruma pelo nosso tracejado até o próximo quarteirão.

Licença poética.

4.1.07

Ano novo, de novo

Para 2007, acima de qualquer coisa, menos angústia criativa.

E no primeiro dia do ano...

- Minha sinapse tá tão ruim.
- Minha sinopse é tão ruim.

Fim