3.7.08

Crônica infame

Tenho sim um caderninho. É nele que eu deposito, entre rabiscos, frases soltas e anotações universitárias ou profissionais, um monte de idéias que, embora um dia eu tenha achado geniais, quase sempre nunca foram executadas. Isso é motivo suficiente pra ele funcione como a extensão da minha mente, um corpo quase auto-consciente que se relaciona comigo o tempo inteiro. Ou pelo menos em

Sim, eu tenho um caderninho. Ele é quase uma extensão da minha mente, primo espiritual, um corpo aparentemente auto-consciente que se relaciona comigo quando eu preciso falar qualquer coisa sobre idéias quase nunca finalmente executadas. Aquelas folhas carregam um monte de rabiscos e anotações sérias sobre trabalho e universidade, por isso

Tenho um caderno que leva consigo um monte de baboseiras. Rabisco e bilhete, desenho e nota de trabalho e faculdade. E também umas idéias estranhas. Muitas eu até já achei realmente boas, mas em geral meu interesse se apaga com a aquietação da euforia criativa. Logo depois elas se tornam rabisco, bilhete, desenho e nota de trabalho e faculdade. Eu até gosto de revisitar algumas, mas em puro exercício de flagelar, reprimir e perverter, sem nada de retroatividade. Talvez o caderninho seja quem no mundo mais sabe de mim, embora essa sabiedade seja de um saber em fluxo em que nem eu acho mais sentido. O que consola é que o caderninho é um ser auto-consciente, o que por mim já basta

Hoje meu caderninho serviu de suporte pra anotações toscamente importantes de umas pessoas diversas que o tomaram emprestado, algumas até longe de ser íntimas. Acho que isso fez com que eu me sentisse mais importante. Porque se o caderninho é meu, é auto-consciente e se relaciona comigo, acho que posso tomá-lo como um alter-ego suficientemente pro-ativo, um substituto irrepreensível. Meio paradão, é verdade, mas cheio de história. O que me leva a ter certeza de que, se usaram meu caderninho pra fazer contas e rabiscagem, foi pra fazer o mais legítimo papelão.

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