23.2.07

Jules, Jim, Milton, Borges...


Eu ia escrever um monte de coisa, seilaquê, sobre o Clube da Esquina, porque foi a única coisa que escutei a semana inteira. Justo aquele disco duplo de 1972, com algumas boas pérolas. Bem. Mais uma vez a Wikipedia me trouxe aquelas raras informações que - eu sei - inconscientemente eu cobiçava. Quem diria que Milton Nascimento teria começado a compor com Márcio Borges após assistir a três sessões consecutivas de Jules e Jim, ainda nos anos 60? Três sessões consecutivas. Eu tenho certeza que tem uma grande aura em torno de todas as coisas que eu gosto. Há toda uma ligação até espiritual, sério. Ou astral, salientando que, neste caso, não digo à toa.

Quanto às raridades do disco. Primeiro, por que ele é comercializado sob a autoria de Milton e Lô Borges, se são tantas as figuras que cooperaram efetivamente como autores? Descobri que só é assim na América. Pois podem olhar meu Last.fm, eu fiz questão de modificar todas as informações do disco, música por música, e tá lá o velho Clube da Esquina subindo de posição dia a dia.

Agora, de fato, as raridades. Puta merda, Clube da Esquina n.2 já foi música até de novela, não lembro qual, alguma das seis, e tem mesmo todo o apelo emotivo de quem precisa dar uma choradinha clichê num canto do quarto. Em seguida vem Paisagem da Janela. Não tem canção mais difundida pela Nova Brasil FM - claro, na voz de Beto Guedes - e eu adoro. Cavaleiros marginais à parte, vem Me Deixa em Paz logo mais, na voz de Alaíde Costa, creio. Eu fico pensando: cadê Thalma de Freitas pra cantar essa pra mim?

Mas eu gosto mesmo é de Cais, com a letra astral-poesia-quase-barata-mas-muito-sincera (invento o amor/e sei a dor de me lançar) que me lembra É de Lágrima, do Los Hermanos. Aliás, entendi de onde Marcelo Camelo tirou todas as letras. É só ouvir o disco de 72. Bem, o fim de Cais é o triunfal tema para piano que se transforma em violinos agudos e climáticos em Um Gosto de Sol - deu pra sentir a quantidade de referências aos astros, fenômenos da natureza e todo o acervo juvenil de rimas pra poesia despretensiosa? Trem Azul, quando na canção do vento/não se cansam de voar as lembranças da minha infância cheia de Elis Regina. Sei que nada será como antes.

E isto não é mesmo um faixa-a-faixa. Não vou falar de Um Girassol da Cor de seu Cabelo, que já é pedir muito.

Nenhum comentário: