Veckatimest é bem menos apelativo quanto às sobreposições melódicas que atravessam todo o disco anterior do Grizzly Bear. No lugar destes devaneios da melodia existe é uma precisão bizarra (no bom sentido) em afiar as camadas harmônicas das canções, como se cada detalhe delas enfim se emancipasse, e cada impressão de conjunto (cada faixa ou mesmo o próprio álbum) fosse, ao mesmo tempo, uma colcha de retalhos imperceptíveis ou um lençol picado em que cada pedacinho fosse suficiente pra aquecer numa noite de frio. Cheerleader é a que, por enquanto, considero a mais linda, e também emblemática. É só observar - claro, sem se apegar aos pormenores - o crescente harmônico, esperando que ele se exceda e, ao mesmo tempo, desejando que não - e ele não se excede. Talvez por isso até pareça um disco menor. Li por aí alguns falando em maturidade. Ainda choro mais pelo anterior, mas o que me intriga é este aqui, que parece sintetizar num disco de banda pop - enfim, um disco grandiosamente pop - várias recorrências provocativas do avant rock dos últimos anos. Sem querer me viciar nesses maneirismos, dou 10.
A propósito, nada a ver, mas Lula Queiroga me disse numa entrevista que o bom de lançar o terceiro disco é que as pessoas passam a considerar o conjunto de sua obra antes de falar qualquer coisa. Acho que com Veckatimest (ou com o Grizzly Bear, atualmente), ocorre um pouco isso. E esse disco é certamente uma obra ímpar.
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